Em tempos em que o debate sobre economia e controle de gastos públicos volta a ganhar força, gostaria de compartilhar uma reflexão que acredito ser fundamental para repensarmos as soluções propostas para os desafios fiscais do Brasil. Muitas vezes, a ideia de cortar programas sociais é apresentada como a solução mágica, mas essa não passa de uma visão simplista que precisa ser desafiada.
Quando falo sobre a necessidade de ajuste nas contas públicas, destaco que olhar apenas para cortes em programas como o Bolsa Família nos leva a acreditar em uma solução ilusória. Quando o que deveríamos realmente discutir é o impacto que uma redução de 0,5% na taxa Selic – a taxa de juros definida pelo Banco Central – poderia ter para as finanças do governo.
Para exemplificar, uma redução de 0,5% na Selic representaria uma economia de R$ 50 bilhões. Esse montante seria suficiente para cobrir nove anos da parte que compete ao governo federal na merenda escolar em todos os estados do Brasil. Além disso, o valor também equivale a 30% do orçamento anual do Bolsa Família e supera em 277 vezes os recursos destinados à promoção da igualdade racial no país.
Com essa abordagem, proponho um contraponto importante: por que não considerar alternativas que não penalizem a população mais vulnerável? Cortar gastos em programas sociais deveria ser a última opção, não a primeira. Sei que ideias como a de reduzir a Selic enfrentam resistência, especialmente de rentistas e setores ligados à especulação financeira. No entanto, não podemos aceitar a tentativa de minimizar a importância dos recursos públicos, sobretudo em ações que afetam diretamente a vida de milhões de famílias brasileiras.
A partir disso, quero reforçar que existem soluções, mas precisamos ir além das respostas fáceis. Os investimentos em políticas públicas e sociais não são meros gastos, e sim ferramentas que garantem dignidade e melhoram a vida de milhões de pessoas. Na minha opinião, é essencial manter essa visão, buscando sempre unir responsabilidade fiscal e justiça social. Afinal, a economia deve ser conduzida com uma perspectiva que beneficie a todos, não apenas os interesses do mercado financeiro.