O vice-líder do governo na Câmara procurou saber a respeito da taxa de juros, da relação entre a política monetária e o mercado financeiro e a opinião de Campos Neto sobre os rumos da economia
Na manhã de ontem (27), a Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados, na qual o deputado federal Emanuel Pinheiro Neto (MDB-MT) é membro titular, recebeu o presidente do Banco Central do Brasil Roberto Campos Neto, a fim de prestar esclarecimentos sobre a política monetária e erro contábil no fluxo cambial.
Na ocasião, o vice-líder do governo na Câmara dos Deputados pode questionar o presidente do banco central acerca de sua gestão frente à instituição, que, na opinião de Emanuelzinho, teve influência política. “A sua administração, na minha visão, é extremamente desinformativa e com resquícios muito fortes de politização”, declarou o congressista mato-grossense a Campos Neto, que está dirigindo a instituição desde fevereiro de 2019, indicado pelo ex-presidente da república.
O parlamentar governista também esclareceu como é de fato a relação entre a política fiscal e a taxa de juros. “Um dos pontos principais que tem sido colocado a respeito da questão do juros no Brasil é que o problema fiscal estaria influenciando totalmente a alta taxa de juros brasileira. Entretanto, isso é uma inverdade, pois não é só a questão fiscal que impacta, mas também a taxa de câmbio, cenário internacional, preço dos combustíveis entre outros fatores que contaminam essa relação.”, explicou.
O deputado emedebista ainda continuou a explanação afirmando que, na verdade, a situação contrária que tem sido verídica. “O que tem prejudicado a situação fiscal são os juros altos, que ficaram mantidos em 13,75% por muito tempo, e que tem impactado nas contas públicas a partir principalmente da LFT, Letra Financeira do Tesouro, e as operações compromissadas, que são atreladas à Taxa Selic”, complementou.
Além de indagar sobre a Selic, que é a taxa básica de juros do país, Emanuelzinho também inquiriu sobre a relação entre a política monetária brasileira e o mercado financeiro. “O Banco Central hoje é escravo do mercado financeiro? Há alguma dependência em manter rendimentos excessivos com títulos da dívida pública que estão atrelados à Selic ou a outros mecanismos que possam prejudicar o impacto fiscal na economia brasileira?”, perguntou ele.
O vice-líder do governo também ressaltou que o problema do Brasil não é o déficit fiscal em si só, mas a sua trajetória nas contas públicas. “O governo passado teve um estouro do teto em R$ 795 bilhões, e só produziu superávit no último ano porque parcelou precatórios, ou seja, não é sustentável.”, destacou.
Seguindo o interrogatório, o deputado federal desejou saber a opinião do presidente do banco central sobre a direção que o atual governo tem tomado na economia. “Gostaria de saber se o senhor reconhece que a trajetória da economia brasileira tem sido muito melhor, como mostram os principais índices macroeconômicos, e que o governo Lula tem apresentado uma melhora no desenvolvimento a partir da atuação correta dos ministros Fernando Haddad e Simone Tebet, na parceria com o Banco Central e com o Copom? Dentro dos parâmetros do Banco Central, o senhor avalia que o governo está no caminho certo? O presidente Lula hoje conduz o Brasil da forma certa para que a gente consiga estabilizar os principais indicadores da economia? O senhor tem dialogado com o ministro da Fazenda sobre possibilidades para que a gente possa combater a inflação não somente via taxa de juros, mas por outros instrumentos?”, questionou ele.
Por fim, Emanuelzinho relembrou que o período de maior crescimento do Brasil foi durante a gestão do presidente Lula, em 2010, quando o país apresentou o PIB de 7,5%. “Naquele momento, tivemos três pilares que influenciaram isso, fortalecendo o consumo: o acesso ao crédito, que depende da taxa Selic mais baixa; distribuição de renda; e investimento público, que dinamizaram e aceleraram a economia, dando a possibilidade de renda para que as pessoas pudessem consumir, e fazendo com que a economia fornecesse demanda para que a oferta pudesse acompanhar.”, finalizou ele.