Desde o início dessa legislatura, tenho observado o comportamento daqueles que apostam na atuação midiática para a manutenção de suas bases. Esse modelo de condução do mandato, que deveria ser um instrumento de mudança na realidade de milhares de eleitores, acaba deixando de lado o debate político e entrando em rota de colisão com o respeito e com o bom senso.
Enquanto deputado, é muito ruim avaliar a conduta dos meus colegas parlamentares, mas é difícil não comentar casos tão escandalosos, que ultrapassam qualquer limite da razoabilidade. Não quero recomendar a ninguém a postura que se deve ter dentro do Congresso Nacional, entretanto, essas atitudes têm repercutido nos meios de comunicação do país inteiro.
Óbvio que cada um tem sua forma de atuar enquanto parlamentar, isso é particular e da natureza do trabalho de cada deputado, entretanto, este modelo de criar espetáculo em torno de pautas sérias não é o meu estilo de atuação. Particularmente, não vejo no que isso agrega, constrói ou traz de bom para o Brasil e para a população brasileira e, muito menos no que isso soma para as averiguações da CPMI.
Sou suplente da CPMI dos Atos de 8 de janeiro, o único membro de Mato Grosso, e o que tenho presenciado nas reuniões, assim como em diversos outros episódios, é a atuação de alguns parlamentares, em especial, deputados que fazem parte da bancada de Mato Grosso, utilizando da CPMI que trata de um ocorrido gravíssimo na história da democracia brasileira, para palco no qual insistem em fazer atos de deboche, sarcasmo, ironia, cinismo e completa ridicularização da política.
Infelizmente, para uma parcela de parlamentares que enxergam na política um espaço de visibilidade para aparecer (de forma errada), a disseminação do preconceito sob o escudo da liberdade de expressão e opinião; o incentivo ao ódio com o pretexto de defesa de uma crença; e a banalização de pautas que são frutos de décadas de luta viraram ferramentas apenas para ganhar likes.
Ao invés de usar essa visibilidade para atrair olhares para temas e projetos que ajudam a melhorar a vida do povo brasileiro e para o desenvolvimento do Brasil, utilizam para ganhar capital político apenas para si mesmo, sem honrar o voto da população que os elegeram.
O lacre, o meme ou o viral não podem ser o novo regimento deste parlamento, que tanto tem para debater e contribuir para a vida dos milhões de brasileiros, os quais esperam muito mais de cada um de nós no campo político, e menos no que diz respeito a geração de conteúdo de entretenimento para criar polêmicas, fofocas ou burburinhos.
Lugar de brincadeirinha não é em uma CPMI, especialmente com a devida importância como essa, muito menos deve ser o trabalho de um parlamentar enquanto exerce o ofício. Precisamos de medidas mais duras, para que não permitamos que atos deste feitio atrapalhem o trabalho dos deputados e prejudiquem a produtividade da comissão.
Toda ação neste sentido deve ser levada imediatamente ao Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara dos Deputados, do qual também faço parte, que precisa acompanhar de perto estes casos, e penalizar quem age desta forma pedagogicamente, para que atitudes como essa não se repitam.
É de extrema importância que nós, parlamentares, nos comprometamos não só em investigar o caso – pois isso o STF, o Ministério Público Federal e a Polícia Federal também estão fazendo -, mas principalmente, nos debruçarmos sobre os desdobramentos desta CPMI para evitar atos desta natureza no futuro, a fim de fortalecer a democracia.
O cenário de uma democracia sólida e instituições brasileiras seguras são, inclusive, uma sinalização para o mercado de que é confiável fazer investimentos no país, pois há um ambiente de estabilidade política. Portanto, proteger o Brasil contra ataques anti-democráticos, ameaças de golpe e tentativas de rupturas institucionais é também assegurar que índices macroeconômicos como taxa de câmbio, por exemplo, estarão controlados, o que beneficia nossa economia.
Nós parlamentares que estamos realmente empenhados em apurar os fatos, punir os culpados e buscar caminhos para fortalecer a democracia brasileiras e as nossas instituições, precisamos estar atuantes para recuperar a seriedade que a CPMI requer, e a confiança da população brasileira de que esta comissão trará respostas e soluções para esse ocorrido que marcou a história de nosso país. Precisamos tratar este episódio da democracia brasileira verdadeiramente do tamanho que ele tem e a dimensão que ele significa.
Para participar de uma CPMI desta magnitude é preciso sobriedade, pois todos os 203 milhões de brasileiros, segundo último censo do IBGE, estão ali representados, e tem o seu futuro e o futuro das instituições brasileiras, e o futuro econômico do país passando pelas decisões desta comissão. É preciso respeito e cautela, pois caso contrário, poderemos banalizar um tema que é de extrema importância não só para o Brasil, mas para o mundo inteiro.
Mais uma vez, reafirmo que estarei combatendo este tipo de postura infantil e imatura dentro da CPMI e em qualquer outro espaço político pois é inaceitável. Farei um trabalho sério pelo Brasil, a fim de representar Mato Grosso de uma forma profícua, que traga resultados e dê destaque positivo pro nosso estado dentro da comissão.